“Sonhamos com a paz…”

Discurso de Yelyzabeta Piskunova (8ºC) nas Comemorações do 25 de abril, na Assembleia Municipal de Bragança.

O meu nome é Liza, sou emigrante ucraniana que vivo, com a minha família, em Portugal, há cerca de 7 anos.

Sou aluna do Agrupamento de Escolas Emídio Garcia e agradeço, desde já, a oportunidade de vos poder dirigir umas breves, mas sentidas palavras acerca da atual situação vivida no meu país, a Ucrânia: um povo que perdeu a sua liberdade e vive o tormento da guerra.

Hoje assinalamos os 48 anos da Revolução de Abril que restituiu a Liberdade aos portugueses. A partir de 1974, o povo português teve oportunidade de viver a sua vida sem medos, sem opressão. Viu os seus direitos serem reconhecidos. As pessoas puderam sair à rua e viver a experiência da liberdade, de puderem pensar e opinar de acordo com a sua consciência. Isto só foi possível graças a muitos que, imbuídos do espírito corajoso, disseram basta, saíram à rua e gritaram bem alto: Liberdade.

Mas o que é a Liberdade?

Para mim, a Liberdade é direito, autonomia, compreensão, humanidade, respeito. Para mim, a Liberdade é a Vida.

Por seu lado, o meu povo vive num contexto de guerra. A guerra que é precisamente o contrário da Liberdade: é um jogo que coloca em risco as vidas dos cidadãos, a guerra destrói a Liberdade.

Há bem pouco tempo, o presidente ucraniano Zelensky esteve na Assembleia da República e referiu que, pela Revolução dos Cravos que nos libertou da ditadura, o povo português consegue compreender perfeitamente o que os ucranianos sentimos neste momento.

Por isso, sonhamos e ansiamos com o momento que um cravo… um girassol… ou outra flor qualquer… substitua na Ucrânia, como há 48 anos em Portugal, as armas e os tanques.

Sonhamos com a paz… ansiamos por viver sem medos, passear livremente nas nossas ruas e nos nossos campos, sonhamos brincar e correr nas nossas praças, abraçar os nossos familiares e amigos.

Sonhamos com tudo isso, como sonharam tantos que conseguiram um Portugal livre.

Ajudem-nos a sonhar e a passar deste sonho à realidade…

Porque, como dizia Albert Camus: “Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo”.

Muito obrigado!

Yelyzabeta Piskunova (8ºC)

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