O pesadelo de Leonor
Era uma vez, a Leonor, adolescente de 17 anos, proveniente de uma família rica e poderosa, possuidora de terras em Moçambique. Vive em Coimbra. A mãe é professora universitária e o pai, um conhecido dono de uma empresa de carros. São proprietários de uma bela mansão. Leonor tem uma irmã mais nova de 9 anos, Beatriz. Habitualmente, Leonor ia ao quarto da irmã e pegava nas suas bonecas de porcelana, brincava com elas durante a noite, até tarde, voltando a colocá-las no lugar, sem ninguém suspeitar, visto que a mansão era isolada, os pais dormiam tranquilamente no 2o andar, enquanto as irmãs permaneciam no primeiro. Certa noite, Leonor agiu de forma diferente. Pegou nas bonecas para brincar e não as colocou de novo no quarto de Beatriz. Nessa mesma noite, Beatriz acordou ouvindo a irmã a falar e foi ter com ela. Abriu a porta e avistou as bonecas em círculo em cima de cama, e Leonor a falar para elas, com uma a ser embalada nos seus braços. De repente, esta pede-lhe ajuda para cuidar das suas “filhas”. Beatriz, ingénua, aceitou a brincadeira. No entanto, no decorrer desta, Beatriz deixou cair uma boneca, partindo-se, o que fez com que Leonor, frustrada, se atirasse à irmã agressivamente, tentando asfixiá-la. Beatriz, entre gemidos, consegue empurrar a irmã e fugir para o seu quarto, trancando-se à chave. Leonor correu atrás, batendo na porta, mas a irmã, a chorar e em pânico, não abriu. Sentou-se encostada à porta da irmã, e adormeceu com a boneca partida nos braços. No dia seguinte, pela manhã, os pais saíram do quarto, desceram as escadas até ao primeiro andar e avistaram a filha mais velha naquele estado. Ficaram assustados. Nesse momento, Beatriz destrancou a porta e correu até eles. Perguntaram à Leonor, entretanto acordada, o que tinha ocorrido. Ela limitou-se a responder que encontrara as bonecas fora do quarto da irmã mais nova e que uma delas estava partida, o que fez com que que a levasse a entregá-la, mas quando batera à porta da irmã, sem sucesso, e como já era tarde acabou por se sentar encostada à porta, adormecendo com ela nos braços. Os pais notaram o pescoço de Beatriz marcado, não acreditaram, pois não era a primeira vez que acontecera algo de estranho com Leonor, quanto a estas bonecas de porcelana. Lembraram-se ambos de outra atitude que ela tivera, quando Leonor se encontrara agarrada a uma boneca, e quando tentaram tirar-lha, ela gritara com um tom de voz agressivo, que era a sua filha. Alertados, levaram-na a um psicólogo. Relataram a situação sob o ponto de vista deles. Este pediu para que saíssem, e ficar apenas Leonor para contar a sua versão, seguindo-se Beatriz. Foi recomendado aos pais, levarem Leonor ao psiquiatra, pois apresentava comportamentos paranóicos. Foi o que fizeram, e Leonor foi diagnosticada com esquizofrenia, pelo que, passou a ser acompanhada pelo psiquiatra e a tomar medicamentos com a finalidade de atenuar os sintomas. Nesta fase complicada, os pais ficaram em estado de choque, começando também por se isolar da sociedade, a irmã mais nova traumatizara-se com a situação. Evitavam falar de Leonor a quem ia perguntando se algo se passara com ela, pois desconfiavam de algo. Leonor não entendia, pois não se lembrara bem o que tinha feito, com que então pedira desculpa à família. Culpabilizava-se, começou a passar por momentos de tristeza, evitou manter contacto com os amigos. Apesar deste problema, com o passar dos meses adaptaram-se à situação, continuando a família a ser acompanhada pelo psicólogo. Por sua vez, entre novos ataques, aprenderam a lidar com a situação. Passara meio ano, e desta vez, foi festejado o décimo aniversário de Beatriz. Foram convidados unicamente parentes mais próximos. A sala de estar estava decorada com balões de variadas cores, uma mesa cheia de aperitivos, e o bolo da aniversariante. Os adultos estavam a conviver no jardim de casa. Leonor estava contente, e tinha preparado uma surpresa para a irmã. Colocou velas de incenso com cheiro a rosas, que tinha comprado, no quarto de Beatriz. Ela tinha pintado um quadro com o retrato das duas, e queria mostrar-lho. Chamou pela Beatriz, que estava na sala, esta recorreu até ela toda sorridente, e ambas deram um abraço. Convidou-a para o seu quarto, revelando-lhe que tinha um presente para ela. Estando as duas já no quarto, ela desembrulhara a prenda e ficou feliz com o que recebera. No entanto, Leonor começou a chorar. A irmã mais nova perguntara-lhe o que se passava. Esta não respondeu, fitando-a nos olhos com uma expressão estranha que assustou Beatriz. Percebeu que Leonor estava a ter um ataque, tentou sair do quarto mas a irmã puxou-a para dentro, e bateu-lhe com o candeeiro na cabeça, gritando antes, que as bonecas não podem sair do quarto. Enquanto este acontecimento sucedera, a vela que se encontrava na mesa-de-cabeceira, caíra para o tapete. Leonor não se apercebera, pensando que tinha corrido tudo bem e que deixara a irmã feliz. Foi até ao jardim. Os pais perguntaram pela irmã e esta não respondera. Eles deram-se conta que se tinha passado algo, abandonaram os convidados. Correram até casa, gritando pelo nome da filha, mas sem sinal de resposta. Do fundo do corredor avistava-se fumo, e agoniados, não sabiam como chegar até ao quarto. Leonor correra, passando pelos pais e deixando-os para trás, com a intenção de chegar ao quarto e salvar a irmã. Beatriz encontrara-se estendida no chão, inconsciente, com o quarto a incendiar-se. O pai, do outro lado, disse à esposa que ia buscar as duas. A mãe ligou aos bombeiros, e já só viu o seu marido passar pelo corredor, entre o fumo todo, abandonando-a. Chegou ao quarto, e viu Beatriz no chão. Pegou nela o mais rapidamente possível e levou-a para fora dali, entregando-a aos cuidados da mãe. Os bombeiros tinham chegado, entraram na mansão e começaram a apagar o fogo, que já estava a alastrar-se para a sala, apenas o 1o andar estava a incendiar-se. O pai voltara para buscar Leonor. Estava tudo cheio de fumo. Ela foi para o 2o andar, fugiu para outro quarto. O pai chegou ao local. Leonor gritara que a irmã tinha morrido, que as bonecas a tinham assassinado. O pai respondeu-lhe que salvara Beatriz. Ela negou, entre choros, e começou a delirar. O pai agarrou nela pelo braço, aflito pois ela estava a piorar. Nesse momento, Leonor empurrou-o, e correu até à varanda, cheia de medo. Ele foi atrás dela, mas Leonor olhou para o pai vendo um monstro. Não parou de gritar e quando o pai se aproximou para a tirar dali, ela estava de tal modo desesperada com as visões que estava a ter que se limitou a atirar-se da varanda. Pôs fim à sua vida, de uma forma realmente trágica, devido ao seu estado de saúde.
Autores: Tatiana Esteves, nº 23 e Victória Vaz, nº 24