Novo ano escolar
Foto: Doisneau
Tudo gira à volta de um novo ano escolar neste momento; vemos novos professores que circulam pelas escolas algo desorientados, outros completamente perdidos, sem emprego, como refugiados no deserto da Europa… Pais que se agitam… É a “rentrée” de todas as “rentrées”, a que vai pautando as etapas do percurso iniciático da adolescência, onde o medo e a esperança se misturam. Se o novo ano escolar mexe com todos nós é por uma razão muito simples: a escola está no centro da sociedade, no íntimo das dificuldades e das riquezas do “viver em conjunto”, na junção do passado (transmissão) e do futuro (formação). Instituição no cruzamento de tudo, é o ponto de contacto entre a família e a sociedade, entre o indivíduo que cresce e o mundo que o espera.
O âmago do novo ano escolar é, antes de mais, uma relação pedagógica. Adultos, designados pela sociedade (cujos primeiros mestres, são os pais) encontram-se face a crianças, jovens, a quem devem transmitir, durante dez meses, conhecimentos (instrumentos de felicidade). Jovens que os professores devem despertar para as aprendizagens e acompanhá-los na sua maturação. Os primeiros momentos do ano dão, de imediato, uma ideia sobre a forma como essa relação se tecerá de forma eficaz ou se nunca chegará a dar frutos.
Os primeiros passos são sempre importantes pois orientam, muitas vezes, o percurso do aluno ou vê-los-emos mais tarde, por não terem sido ouvidos, mais vulneráveis noutras instituições.
Mas, os primeiros encontros do ano são decisivos e emocionantes para quem os vive…
Adriano Valadar, 05-09-15